Assustada com a ausência de fauna e flora no bairro onde mora, Yanna Coelho investiu no local; mais de 40 aves diferentes já foram observadas em menos de três meses. A empresária adquiriu o espaço em julho e já percebe a presença de biodiversidade no bairro
Yanna Coelho/Gente da Terra
Já ficou em silêncio por alguns minutos para poder escutar os sons da natureza? Ou então, separou um tempo no seu dia para admirar as aves que aparecem no quintal? Até julho deste ano isso não era possível no bairro da empresária Yanna Fernanda Coelho, que mora em Luzimangues, próximo à Palmas (TO). “Eu sou observadora de aves, mas por conta do trabalho não tenho tempo para organizar viagens e passarinhadas em outros lugares. Comecei a andar pelo bairro em busca de flagrantes, mas me surpreendi ao perceber a escassez de natureza na região”.
O incômodo com a ausência da fauna e da flora foi tanto que serviu de incentivo para um grande investimento: em julho, em meio à pandemia, Yanna e a sócia, Olivia Marques, compraram e transformaram o terreno ao lado da casa da empresária em uma agrofloresta urbana. “São quase 400 metros quadrados que abrigam desde pequenas espécies, como hortaliças, até árvores de grande porte, como jatobá e baru. Toda a produção é orgânica, a manutenção é feita quase que artesanalmente e o alimento que colhemos é consumido pela família e doado para vizinhos e amigos”, conta a engenheira ambiental, que fica surpresa com os frutos dessa iniciativa.
“Começamos o plantio no começo de julho e em apenas três meses já produzimos mais de 100 quilos de pepino, em dois canteiros pequenos de oito metros quadrados cada um. Isso é só uma amostra de tudo o que a agrofloresta pode oferecer”, diz.
Hortaliças e plantas ornamentais são algumas das espécies de pequeno porte cultivadas no local
Yanna Coelho/Gente da Terra
Os alimentos que abastecem a mesa da família servem também como refeição para as aves, que em pouco tempo passaram a frequentar a região. “Eu fico muito feliz e surpresa por observar tantas espécies diferentes em poucos meses. É claro que esperava observar algumas delas, mas jamais imaginei ser dessa forma”, conta a observadora, que já listou 47 espécies de aves.
Tamanha variedade justifica o nome do local: ‘Tô Passarinhando’. “Ali eu juntei tudo o que eu gosto. É um espaço que me permite ter esse contato diário com a terra, passou a ser uma terapia matinal que me prepara para encarar os desafios do dia”, comenta.
A ideia de atrair aves para a região foi contemplada mais rápido do que Yanna imaginava ser possível
Yanna Coelho/Gente da Terra
Entre os flagrantes destacam-se uma família de gavião-carijó e um tucanuçu, que ‘posou’ para as lentes de Yanna enquanto se refrescava no bebedouro. “O fato de ter todas essas espécies por perto é muito gratificante. Saber que estou fazendo algo significativo para a natureza, proporcionando um ambiente com vida, aves cantando e se alimentando do alimento que eu mesma estou produzindo é motivo de muito orgulho”, completa a empresária, que pretende manter o espaço e futuramente construir uma casa de bioconstrução, seguindo conceitos da permacultura, que une práticas para ocupações humanas sustentáveis.
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A proposta é que as espécies sejam cultivadas de forma orgânica e se desenvolvam de forma equilibrada
Arte/TG
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O espaço possui quase 400 metros quadrados e é ocupado por diversas espécies da flora
Yanna Coelho/Gente da Terra
Flagrante de gavião-carijó é um dos destaques entre as observações
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O plantio é orgânico e o alimento é consumido pela família, amigos e vizinhos das engenheiras
Yanna Coelho/Gente da Terra