Primeira vacina contra a Covid-19 a anunciar testes no Brasil, o imunizante de Oxford — desenvolvido em parceria com o laboratório farmacêutico AstraZeneca — é também a maior aposta do Governo Federal para um extenso programa de vacinação a ser iniciado em 2021. A frente do estudo do fármaco, com 10.000 voluntários, no país está a médica especialista em infectologia Lily Weckx, coordenadora do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em entrevista à VEJA, ela ressaltou a segurança e eficácia do medicamento e afastou a ideia de que são necessários mais testes para atestar a validade da vacina junto aos orgãos reguladores. Confira:
Essa semana os dados da vacina de Oxford foram publicados na revista The Lancet, isso colabora na aprovação pela Anvisa?
Não é exatamente um ponto crucial para essa etapa. É, claro, relevante que você desponha de dados validados por outros cientistas, principalmente porque fomos a primeira vacina a publicar essas informações. Mas a análise das agências reguladoras é mais minuciosa e requer um número maior de documentos. O que o artigo traz de muito importante é a analise combinada que aponta que a vacina tem eficácia média de 70%.
A média da eficácia foi algo muito questionado em relação a essa vacina. O que aconteceu?
Um grupo no Reino Unido recebeu meia dose seguida de uma dose cheia. Outros receberam duas doses cheias. Nesse primeiro grupo houve a eficácia de cerca de 90%, e entre os que tomaram duas doses a eficácia ficou em 62%. Ainda é preciso avaliar mais esses resultados, que não eram esperados. Porém, é de extrema importância pontuar que as internações e casos graves apenas ocorreram no grupo que não tomou a vacina. Isso aponta que, independente da dosagem, a vacina tem um forte potencial em prevenir desdobramentos severos da Covid-19. Os dados de segurança também são robustos, não houve qualquer problema grave relacionado aos estudos. Foram 24.000 pessoas que tomaram a vacina sem efeitos graves. A pausa que ocorreu em setembro não teve relação comprovada com a vacina, portanto, podemos dizer que é um imunizante que não apresenta riscos a quem recebe.
A Universidade de Oxford iniciou tratativas para mais testes no Brasil?
Não, não houve essa conversa com a gente aqui no Brasil. Estamos seguindo com os estudos, acumulando mais informações a serem estudadas. Temos muito caminho pela frente ainda, o que está sendo apresentado agora são análises interinas, para verificar os dados de eficácia que podem ser usados frente a essa pandemia, por isso há o conhecimento dos dados antes de acabar os estudos. Temos muito o que aprender.
A vacina atende as necessidades para ser aprovada pelas agências reguladoras?
É uma vacina que tem total condição de pedir o registro, pois ultrapassa o mínimo de 50% de eficácia necessária. E nós estamos bem acima desse corte. Também foi apontada eficácia diante de desdobramentos graves da doença. Isso sem contar a questão logística, é uma vacina conservada entre 2 a 8 graus que é compatível à estrutura de resfriamento do país. É uma opção viável a todo o país.
Houve uma pausa no estudo no mês de setembro, isso causou pânico nos participantes?
Sabe que não? Os nossos participantes são profissionais de saúde, portanto, entenderam que quando um estudo é pausado por segurança é para que a análise possa seguir ainda melhor, diante de regras rigorosas. Quando voltamos a trabalhar ainda recebemos o aval para dobrar o número de voluntários, chegando a 10.000. As pessoas não se sentiram em risco por colaborar com o estudo, sentiram-se mais seguras ao ver que estava tudo como esperado após uma análise minuciosa.
Depois de quase seis meses, qual o balanço que a senhora faz do estudo?
Estamos diante de um imunizante eficaz, com uso fácil e que pode causar importante impacto na redução da pandemia. Vamos ter uma vacina que faz a diferença. Para nós, está tudo bem, tudo ótimo. Ainda há mais da metade do caminho pela frente, mas estamos na trilha certa. É muito positivo que todos os estudos deem certo, e é ótimo que essas outras vacinas tenham eficácia maravilhosa, acima de 90%. O Brasil precisa de todas as vacinas.
Neste sábado, 12, o Brasil registrou uma média móvel de 43.078 novos casos e 638 óbitos pela Covid-19.
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