A síndrome de burnout afeta cerca de 30 milhões de trabalhadores brasileiros, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Classificada pela Organização Mundial da Saúde, a síndrome de burnout não é considerada uma doença, mas um fenômeno ocupacional similar a uma fadiga relacionada ao trabalho e que, se não for solucionada pode se agravar e se tornar, aí sim, uma doença mental, como é o caso da depressão, por exemplo. O aumento de casos do problema de saúde preocupa e gera alerta para importância de acompanhamento.
Ana Soares é escritora, CEO de uma editora brasileira e mora na Suíça com a família. Hoje, vive um dos momentos mais felizes de sua vida. Mas nem sempre foi assim. Antes de se mudar para lá, viveu momentos difíceis longe do Brasil. Comandando um laboratório de reprodução assistida em Munique, na Alemanha, foi diagnosticada com síndrome de Burnout. Não tinha forças nem para sair da cama e ir trabalhar. Apesar de amar o seu trabalho, se sentia exausta, mesmo ocupando um cargo alto, ainda mais como estrangeira, Ana demorou dois anos para entender o que estava acontecendo. “No início, a gente costuma colocar culpa em coisas exteriores. Eu achava que era o ambiente de trabalho, que de repente eu não tivesse os melhores colegas, o melhor chefe, e nunca imaginei que, até poderiam ser esses fatores, mas que o fator principal era eu mesma. Eu gostava tanto daquele trabalho e não enxerguei que eu precisava dar um tempo”, conta ela.
Após três anos com acompanhamento de um psiquiatra e tomando antidepressivo, Ana está totalmente recuperada atualmente e encontrou na escrita uma forma de se reinventar. “Fiz da minha paixão a minha nova profissão. Desde então sou escritora. Isso foi em 2018. Evoluiu para ser mentora de escritores, porque todo mundo queria saber como que eu tinha feito essa transição. E, agora, eu estou como CEO de uma editora no Brasil. Foi uma formação, de dentro para fora”, diz.