Metrópole encerrou mês com 81,3 mm de precipitações. Cepagri da Unicamp destaca ‘atenção’ sobre indicador após cidade ter quinto verão seguido com menos chuvas do que o esperado. Campinas tem março mais chuvoso em 3 anos
Marcello Carvalho / G1
Campinas (SP) teve o mês de março mais chuvoso em três anos, mas encerrou o trimestre abaixo da média histórica pelo quinto ano seguido, de acordo com o Centro de Pesquisas Meteorológicas da Unicamp (Cepagri). O indicador volta a ser tratado como “sinal de atenção” pela instituição, uma vez que a metrópole também já havia fechado o verão com menos precipitações do que o esperado.
O volume contabilizado no terceiro mês de 2021 foi de 81,3 mm. O total representa um aumento de 71,5% sobre os 47,4 mm verificados no mesmo período do ano passado, mas fica distante da média histórica de 165,2 mm considerada desde a década de 1990. Em 2019, a quantidade foi de 78,7 mm.
Antes de 2021, o mês de março mais chuvoso foi o de 2018, com 81,5 mm. Já a última vez que o indicador ficou acima da média, destaca o Cepagri, foi em 2016, quando totalizou 217,4 mm.
Os dados mostram ainda que houve uma série de diminuições do volume entre 2015 e 2020, e que o total deste ano é inferior, por exemplo, ao verificado no ano de 2014, marcado pela crise hídrica.
É um sinal de atenção, ficamos mais vulneráveis de acordo com as chuvas da primavera e verão em 2021 e 2022. Vai aumentando o risco e, se não tiver um volume importante, a nossa situação fica complicada. Mas tem ainda esse ano e vamos observando”, avalia a pesquisadora Ana Ávila.
Primeiro trimestre
A metrópole fechou o primeiro trimestre com volume acumulado em 518,3 mm, o quinto ano abaixo da média histórica de 637,2 mm. Em janeiro e fevereiro, a cidade também ficou abaixo dos referenciais.
Média de janeiro – 277,6 mm
Janeiro de 2021 – 178 mm
Média de fevereiro – 198,3 mm
Fevereiro de 2021 – 259 mm
Em relação às temperaturas, o trimestre terminou com média mínima de 19,1ºC, e média máxima de 30,9º C. Os indicadores são próximos da série histórica, e mais elevados do que os valores de 2020.
Médias históricas no 1º trimestre: 19.6ºC (mínima) e 30,3ºC (máxima)
Médias no 1º trimestre de 2020: 18,8ºC (mínima) e 29,9ºC (máxima)
Verão 2020-2021
Durante o verão, o Cepagri registrou 624,5 mm de precipitação, volume que significa 53,8 mm a menos do que a média histórica de 678,3 mm. O resultado é praticamente idêntico ao de 2020, mas segue distante da quantidade de chuva registrada em 2016, quando o centro contabilizou 870,4 mm.
Expectativas sobre outono
Segundo o Cepagri, a expectativa é de que o volume de precipitações no outono fique na média histórica, estimada em cerca de 162 mm, ou um pouco abaixo. Em 2020, o volume foi de 83 mm após Campinas ter o mês de abril com a maior estiagem em 130 anos, de acordo com dados do centro.
Em 20 de fevereiro, o coordenador de projetos do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), José Cezar Saad, afirmou que a bacia hidrográfica administrada pela entidade registrou chuvas 12% menores que a média histórica do verão. Agora, a preocupação é com o índice de chuvas do outono, que pode definir o curso do abastecimento na região.
“Se, porventura, acontecer de chover no outono bem abaixo da média, nós podemos começar a ficar muito preocupados, porque o período seguinte é o inverno, que normalmente já é um período muito seco. […] Nós temos que estar sempre atentos, acompanhando e tomando medidas para amenizar e minimizar os impactos das poucas chuvas que possam acontecer”, destaca.
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