Para a médica Raquel Stucchi, da Unicamp, adoção de medidas ainda mais restritivas é a única saída para tentar frear o avanço da pandemia. Leito de UTI em hospital de Campinas em junho de 2020
Reprodução/TV Globo
O Departamento Regional de Saúde 7 (DRS-7), com sede administrativa é Campinas (SP), viu dobrar a média móvel de novas internações por Covid-19 em um mês. “Não há sistema de saúde que dê conta de um aumento desses em tão pouco tempo”, alerta Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp, que defende o lockdown como saída para frear o avanço da pandemia.
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No domingo (14), a média móvel na Regional de Campinas chegou a 204, contra 100 registrada em 14 de fevereiro, também um domingo. É a maior taxa do DRS-7 em toda a pandemia e supera, em 17%, o pico da primeira onda, quando a média móvel era de 174 novas internações em 25 de julho de 2020.
Esse aumento diário de novas internações por Covid-19 culmina com uma pressão cada vez maior nos sistemas de saúde dos municípios. Maior cidade da regional, Campinas (SP) atingiu o maior número de internados pela doença em 8 meses e está com todos os leitos de UTI Covid pelo SUS ocupados nesta segunda (15).
A infectologista da Unicamp Raquel Stucchi
Reprodução / EPTV
Lockdown
O prefeito Dário Saadi (Republicanos) informou que avalia a possibilidade de decretar lockdown para diminuir a transmissão do coronavírus. Uma reunião com outros prefeitos da Região Metropolitana de Campinas (RMC) está marcada para esta terça-feira (16) para discutir o assunto.
Para Raquel Stucchi, adotar um lockdown semelhante ao realizado em Araraquara (SP), com punições severas para quem descumprir as regras, deve ser considerada em toda a região e no estado.
“É a única saída neste momento. Sempre resisti muito ao lockdown mas, ou a gente faz esse bloqueio total, mais ou menos como Araraquara fez, para tentar diminuir os casos, ou vamos viver o inferno, numa situação de escolhas sobre quem vai para o respirador, quem vai ficar com vaga na UTI”, diz.
Para que surtam efeitos, o bloqueio total deve ocorrer por pelo menos 14 dias, que é o ciclo de transmissão do coronavírus. “Nesse período você vai diminuir número de casos novos e necessidade de novas internações. Possivelmente não volte a ter leitos livres já, mas diminui a fila”, explica.
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No sábado (13), a regional de Campinas registrou o maior número absoluto de novas internações em um único dia durante a pandemia: 247.
Falta de empatia
Raquel Stucchi, que também é membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, bate na tecla da falta de empatia por parte da população, em sua maioria mais jovem, que tem realizado festas e aglomerações sem uso de máscara.
“Não é justo que essas pessoas saiam, façam festas, voltem para casa, para o trabalho e contaminem tudo”, afirma.
Municípios na DRS-7
O DRS-7 abrange 42 municípios. São eles:
Águas de Lindóia, Americana, Amparo, Artur Nogueira, Atibaia, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Cabreúva, Campinas, Campo Limpo Paulista, Cosmópolis, Holambra, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jaguariúna, Jarinu, Joanópolis, Jundiaí, Lindóia, Louveira, Monte Alegre do Sul, Monte Mor, Morungaba, Nazaré Paulista, Nova Odessa, Paulínia, Pedra Bela, Pedreira, Pinhalzinho, Piracaia, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Tuiuti, Valinhos, Vargem, Várzea Paulista e Vinhedo.
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