Dificuldade está diretamente relacionada ao aumento do preço dos insumos e à redução da capacidade de atendimento, diz associação. 20% dos salões de beleza fecharam desde o começo da quarentena na região de Campinas
Impactados pela pandemia do novo coronavírus, dois em cada dez salões de beleza da região de Campinas (SP) fecharam as portas desde o início da quarentena, conforme estimativa da Associação Brasileira de Salões de Beleza (ABSB). A tendência, segundo a ABSB, é que mais estabelecimentos encerrem as atividades caso a situação econômica não melhore nos próximos meses.
“Esse número de salões fechados com certeza e infelizmente pode aumentar devido ao que está acontecendo no cenário brasileiro: a demora da entrada da vacina, o receio do consumidor de entrar em alguns estabelecimentos comerciais”, explica o presidente da associação, José Augusto Santos.
Queda no faturamento
O levantamento realizado pela ABSB estima que dos 10 mil estabelecimentos da região, dois mil fecharam as portas no período, o que representa cerca de 20%. Para Santos, a dificuldade dos salões está diretamente relacionada ao aumento dos preços dos insumos e à redução da capacidade de atendimento.
“Uma caixa de luva com 50 pares, um insumo bastante importante hoje nos salões de beleza, antes custava R$ 19, hoje está mais de R$ 100. O custo de aluguel foi reajustado pelo IGP-M, então a gente tem uma conta muito alta na questão de aumento dos custos fixos, e por outro lado nós temos uma queda de faturamento de 50%”, afirma.
A queda no faturamento e os demais reflexos da pandemia fizeram com que a cabeleireira Tereza Bueno da Cunha fechasse o próprio salão apenas quatro meses após a inauguração. Apesar da tristeza, a cabeleireira alugou um espaço menor na loja de uma amiga e não desistiu.
“Foi naquele momento uma sensação de derrota, de tristeza. Mesmo sabendo que era por questões de saúde, que a gente deveria se cuidar, enfim. Mas foi bem frustrante […] A gente nunca pode perder a fé, então nós estamos com esperança. Apesar de saber que é difícil recomeçar, mas estamos com esperança que melhore”, diz.
Dos 10 mil estabelecimentos da região, dois mil fecharam as portas no período, diz ABSB
Reprodução/EPTV
Planejamento
Diante das dificuldades, Juliana Vieira Romualdo, proprietária de um salão de beleza em Campinas, realizou um planejamento nos períodos em que o estabelecimento ficou fechado. A iniciativa teve sucesso e proporcionou um aumento no número de atendimentos após a reabertura.
“Nós vendemos serviços, vouchers, de forma antecipada para as clientes. A gente se aproximou muito das clientes nesse momento. A gente não podia também deixar a cliente esquecida. Essas vendas nos ajudaram a manter a equipe, os profissionais”, lembra.
Juliana relata que os momentos de instabilidade fizeram com que ela se reestruturasse emocionalmente para seguir com o planejamento, mantendo o foco e a maturidade. Para o futuro, a esperança é de que a vacina traga recuperação.
“Que a gente tenha pelo menos o direito de ter a vacina – se vai ser vacinado ou não, é outra questão -, mas que as pessoas tenham esse direito rápido e que a vida volte ao normal dentro do ‘novo normal’, que as pessoas possam ir e vir sem medo”, afirma Juliana, esperançosa.
Juliana Vieira Romualdo espera que vacina traga recuperação: ‘que as pessoas possam ir e vir sem medo’
Reprodução/EPTV
VÍDEOS: EPTV 1 Campinas deste sábado, 16 de janeiro
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