Apesar de Campinas ter maioria feminina em sua população, as mulheres ainda são minoria entre os microempreendedores formais da cidade. Segundo dados recentes, das mais de 128 mil pessoas registradas como Microempreendedoras Individuais, menos da metade são mulheres. Esse cenário revela que, mesmo em um município com forte presença feminina, o empreendedorismo delas enfrenta barreiras que dificultam seu crescimento e representatividade.
Um dos principais motivos para essa diferença está ligado à estrutura econômica da cidade, que concentra muitas oportunidades de emprego formal, especialmente em grandes empresas e indústrias. Muitas mulheres optam por vínculos trabalhistas tradicionais, o que limita a adesão ao empreendedorismo formal. Além disso, é importante considerar que um número significativo de mulheres atua no empreendedorismo informal, movimentando a economia local sem aparecer nas estatísticas oficiais.
Os entraves para o aumento do empreendedorismo feminino em Campinas vão além do mercado formal. Falta de acesso à informação, capacitação adequada e redes de apoio são fatores que pesam no desenvolvimento dos negócios liderados por mulheres. Sem orientações claras e suporte técnico, muitas desistências ocorrem nos primeiros passos da jornada empreendedora, dificultando a permanência e o crescimento desses negócios.
Outro ponto crucial é a dupla jornada que muitas mulheres enfrentam. A responsabilidade doméstica e familiar, que consome tempo e energia, afeta diretamente a capacidade de dedicação ao negócio. Pesquisas mostram que as mulheres gastam quase o dobro de tempo que os homens nas tarefas domésticas, criando um desafio constante para equilibrar vida pessoal e profissional e impactando no desempenho do empreendimento.
Além das dificuldades relacionadas ao tempo, as mulheres encontram maiores obstáculos para conseguir crédito para seus negócios. Burocracias e exigências financeiras complexas afastam muitas empreendedoras que ainda estão no início da caminhada ou atuam de forma informal. As taxas de juros elevadas e a recusa frequente dos bancos para conceder empréstimos evidenciam a necessidade de políticas de crédito mais inclusivas e acessíveis.
Em Campinas, os setores em que as mulheres empreendedoras estão mais presentes são os de beleza, moda e comércio de roupas e acessórios. Essas áreas demandam investimentos iniciais menores e oferecem maior flexibilidade de horário, o que ajuda as mulheres a conciliarem suas múltiplas responsabilidades. No entanto, mesmo nesses setores, a falta de apoio e capacitação técnica limita a expansão dos negócios.
Histórias reais de empreendedoras locais refletem as dificuldades e a força desse grupo. Muitas mulheres começam seus negócios por necessidade, com recursos limitados e grande carga de responsabilidades familiares. Elas enfrentam diariamente o desafio de equilibrar o trabalho com a vida pessoal, superando barreiras sociais e econômicas que dificultam seu crescimento.
Para mudar esse cenário, iniciativas como programas de capacitação, redes de apoio e linhas de crédito específicas para mulheres são fundamentais. O fortalecimento do empreendedorismo feminino em Campinas depende da criação de políticas públicas efetivas e de uma maior valorização do papel das mulheres na economia local. Reconhecer essa luta é essencial para garantir que o crescimento seja mais justo, sustentável e representativo.
Autor: Georgy Stepanov