A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela parceria Oxford-AstraZeneca é tão eficaz contra a nova variante britânica do coronavírus quanto contra a versão original. A conclusão é de um estudo preliminar publicado na quinta-feira, 4, em uma plataforma do The Lancet que reúne artigos antes de sua revisão por pares e publicação formal em uma revista científica. Esta é a primeira evidência sobre a eficácia do imunizante de Oxford contra novas variantes.
“Os dados de nossos testes da vacina ChAdOx1 no Reino Unido indicam que a vacina não apenas protege contra o vírus pandêmico original, mas também contra a nova variante, B.1.1.7, que causou o aumento da doença a partir do final de 2020 em todo o Reino Unido.”, disse o pesquisador Andrew Pollard, coordenador dos estudos com a vacina de Oxford.
O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Oxford, da AstraZeneca e de outras instituições, também mostrou que a vacina reduz a carga viral, o que pode se traduzir em uma transmissão reduzida da doença.
Entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, os pesquisadores coletaram amostras de PCR positivo de voluntários sintomáticos e assintomáticos do estudo de fase II/III da vacina no Reino Unido. Eles então analisaram com qual cepa de coronavírus as pessoas haviam sido infectados.
Os resultados mostraram que apesar do nível mais baixo de anticorpos neutralizantes gerados pela vacina contra a a variante B.1.1.7, identificada na Inglaterra, a taxa de proteção foi similar à atingida contra a cepa original do vírus. Por outro lado, ainda não se sabe a taxa de eficácia contra outras novas cepas, como a de Manaus ou a da África do Sul, que parecem ser menos suscetíveis aos imunizantes.
De qualquer forma, os pesquisadores já estão procurando maneiras de modificar as vacinas existentes de forma rápida e simples para proteger contra novas variantes. “Coronavírus são menos propensos à mutação do que o vírus influenza [causador da gripe], mas sempre esperamos que, com a continuação da pandemia, novas variantes começarão a se tornar dominantes entre os vírus que estão circulando e que, eventualmente, uma nova versão da vacina seria necessária para manter a eficácia no nível mais alto possível”, disse Sarah Gilbert, professora de vacinologia e investigadora-chefe do ensaio da vacina de Oxford.
Outros imunizantes, como o da Novavax e da Moderna, enfrentam o mesmo problema. Eles apresentaram uma boa eficácia contra a variante inglesa, mas a taxa caiu contra a cepa sul-africana.