Em uma conversa telefônica realizada na terça-feira (30), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discutiram a crise política na Venezuela. A ligação, que durou cerca de meia hora, foi marcada a pedido do governo norte-americano, que buscava entender a posição brasileira sobre o impasse eleitoral no país vizinho.
Lula reiterou a Biden que o Brasil está comprometido com a normalização do processo político na Venezuela. Ele destacou a importância da divulgação das atas eleitorais pelas autoridades venezuelanas, um ponto crucial para garantir a transparência e a legitimidade do pleito. Biden concordou com a necessidade de transparência e enfatizou que a crise representa um momento crítico para a democracia no hemisfério.
O presidente brasileiro informou que tem acompanhado de perto a situação na Venezuela através de seu Assessor Especial, Celso Amorim, que foi enviado a Caracas. Amorim se reuniu com o presidente venezuelano Nicolás Maduro e com o oposicionista Edmundo González Urrutia, reforçando a posição do Brasil de trabalhar pela pacificação política no país.
A eleição presidencial na Venezuela, realizada no último domingo (28), foi marcada por tumultos e acusações de fraude. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou a vitória de Maduro com 51,2% dos votos, mas a oposição alega que o verdadeiro vencedor foi Edmundo González. A falta de divulgação das atas eleitorais aumentou a desconfiança sobre a legitimidade do resultado.
Biden expressou preocupação de que o resultado oficial não reflita a vontade da maioria dos venezuelanos. Ele agradeceu a Lula por sua liderança e ambos concordaram na necessidade de uma liberação imediata e transparente dos dados de votação pelas autoridades venezuelanas.
Em entrevista à TV Centro América, Lula minimizou a gravidade da situação, afirmando que não vê nada “anormal” no processo eleitoral venezuelano. No entanto, ele reconheceu a importância de resolver o impasse para garantir a estabilidade política na região.
A crise na Venezuela tem implicações diretas para o Brasil, que compartilha uma longa fronteira com o país. Desde o início de seu mandato, Lula tem buscado reintegrar Maduro à política continental e influenciar a realização de eleições democráticas na Venezuela. A recente radicalização do discurso de Maduro, no entanto, tem gerado preocupações.
O Brasil, por enquanto, mantém uma postura cautelosa, cobrando a divulgação das atas eleitorais. Outros países da região, como Uruguai, Chile e Argentina, já contestaram o resultado das eleições venezuelanas, aumentando a pressão sobre o governo de Maduro.
A conversa entre Lula e Biden reforça a importância da cooperação internacional para resolver a crise na Venezuela e garantir a estabilidade democrática no hemisfério. Ambos os líderes se comprometeram a manter uma coordenação estreita sobre o assunto, buscando uma solução pacífica e democrática para o impasse eleitoral.