Chefe do Executivo Municipal é do Republicanos, mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu respeito ao prefeito de Campinas Dário Saadi (Republicanos), vaiado durante a entrega das obras do BRT na metrópole no final da tarde desta quinta-feira (4).
Antes que o prefeito conseguisse falar, Lula interviu. “O prefeito é um convidado do governo federal para vir nesse negócio. Então, não é correto a gente convidar pessoas, a pessoa vir aqui e ser recebido dessa forma”.
“Porque, veja, se isso, se a moda pega, eu não posso ir em nenhuma cidade que um governador que não é do meu partido me convidar. Então, é preciso respeitar as palavras do prefeito”, afirmou o presidente.
Dário Saadi é do Republicanos, mesmo partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do ministro e Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Discursando no final, Lula voltou a alfinetar Tarcísio e afirmou que o chefe do Executivo estadual não precisa gostar dele, mas lhe deve “respeito”.
BRT e obra antienchente
O incidente aconteceu durante a inauguração de uma etapa das obras do BRT Campinas, incluindo um viaduto sobre a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). No mesmo evento, Lula formalizou a liberação de recursos federais para obras antienchente e compra de ônibus elétricos na metrópole.
O projeto de macrodrenagem de Campinas saiu do papel nesta semana, com o início das obras de um piscinão e de galerias subterrâneas no Jardim Proença, região com problema crônico de alagamentos. As obras, orçadas em R$ 507 milhões, serão financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Do total financiado pelo Banco, R$ 80 milhões são do Fundo Clima, na modalidade Cidades Sustentáveis e Mudança do Clima, e R$ 423,7 milhões correspondem à linha BNDES Finem Desenvolvimento Integrado dos Municípios.
Superlaboratório
Foi a segunda agenda do presidente Lula em Campinas. No meio da tarde, ele lançou a pedra fundamental do complexo laboratorial Orion, estrutura científica de biossegurança máxima que vai funcionar dentro do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
O Orion está incluso no Novo PAC (Programação de Aceleração do Crescimento) e terá custo de R$ 1 bilhão até 2026. O complexo será interligado ao superlaboratório Sirius, estrutura do CNPEM com luz síncrotron de 4ª geração capaz de fazer um “raio-x” em partículas minúsculas.
A união dos dois laboratórios, inédita no mundo, vai permitir que pesquisadores brasileiros estudem patógenos de forma segura e avançada. Com isso, será possível desenvolver, dentro de território brasileiro e sem dependência de estruturas científicas estrangeiras, vacinas e medicamentos para novas doenças.
“E é isso que me faz ficar orgulhoso de vir aqui participar de um lançamento de pedra fundamental de um centro de pesquisa extraordinário como esse. De um laboratório em que não tem similar no mundo. Eu tenho orgulho de falar, somente o Brasil tem”, disse Lula, em discurso.
Lula conheceu a estrutura do projeto Sirius, que também vai receber recursos do novo PAC para expansão, e foi presenteado pelo diretor-geral do CNPEM, Antônio José Roque, com uma maquete do complexo laboratorial.
“Eu vou andar com essa maquete dizendo, vocês conhecem isso aqui? Vocês conhecem isso aqui? Vocês conhecem o que que eu vou fazer? Vocês conhecem? Aqui, olha. É uma coisa extraordinária que coloca o Brasil na vanguarda”, afirmou o presidente.