Financiamento de R$ 503,7 milhões, dos quais R$ 80 milhões são do Fundo Clima, representa 90% do custo total do projeto
Melhorias vão contribuir para a drenagem das águas pluviais, atendendo diretamente 200 mil pessoas ao evitar enchentes na região
Como diferencial, projeto alia investimentos em infraestrutura tradicional, o que inclui reservatórios de água pluvial, às chamadas soluções baseadas na natureza, com parques lineares que irão recuperar a vegetação de áreas degradadas e servir como espaços de esporte e lazer para a população
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financia, com R$ 503,7 milhões projeto de soluções contra enchentes da Prefeitura de Campinas (SP). O projeto de macrodrenagem foi anunciado nesta quinta-feira, 4, durante a cerimônia de entrega de lotes do BRT Campinas, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Os recursos do Banco, que representam 90% do investimento total do projeto de macrodrenagem, serão destinados a obras de controle de enchentes na região central da cidade, o que inclui as Avenidas Princesa d’Oeste e Orosimbo Maia. As vias são frequentemente afetadas por alagamentos decorrentes de fortes chuvas.
Do total financiado pelo Banco, R$ 80 milhões são do Fundo Clima, na modalidade Cidades Sustentáveis e Mudança do Clima, e R$ 423,7 milhões correspondem à linha BNDES Finem Desenvolvimento Integrado dos Municípios. Os recursos serão usados na primeira etapa da iniciativa, com foco na bacia do Ribeirão Anhumas, especialmente os córregos Serafim e Proença.
Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o principal diferencial do projeto é conjugar obras tradicionais com as chamadas soluções baseadas na natureza, que aliam ações de proteção, manejo e restauro de ecossistemas a benefícios diretos para a população e para a biodiversidade. Como ex-morador da cidade, Mercadante lembrou que o problema das enchentes na cidade é antigo. “Vamos fazer adutoras, vamos canalizar, vamos ter três parques lineares e a população vai deixar de ter que levantar os móveis e sair de casa”, garantiu.
Na avaliação de Mercadante, o financiamento do BNDES à Prefeitura de Campinas pode inspirar outras cidades brasileiras a implementar projetos de adaptação climática que combinem melhorias de infraestrutura com a criação de espaços públicos. “Trata-se de um projeto estruturante que reforça o cuidado do governo do presidente Lula com o bem-estar das pessoas e com a recuperação da vegetação nativa”, afirmou.
Mercadante destacou ainda o uso dos recursos do Fundo Clima para enfrentar os impactos causados por eventos climáticos extremos, como enchentes. “O foco na adaptação climática é também uma singularidade do projeto, já que a maior parte das operações do Fundo são voltadas à mitigação climática, para captura ou redução de emissões de gases de efeito estufa”.
Como infraestrutura tradicional, serão construídos três reservatórios de águas pluviais, um para cada uma das praças de Esportes Paranapanema, Ralph Stettinger e da Ópera, além de uma galeria de derivação, que irá desviar o escoamento da água do córrego Proença para um dos reservatórios do sistema de drenagem.
Quanto às soluções baseadas na natureza, serão criados três parques lineares para recuperar a vegetação das margens dos córregos Oriente, Ribeirão das Pedras 3 e Proença. A mata na margem dos rios também irá contribuir para a macrodrenagem dos reservatórios ao captar águas pluviais. Tais parques preveem ainda benefícios sociais, com a construção de ciclovias, pistas de caminhada, quadra poliesportiva, entre outras estruturas de esporte e lazer para uso da população local.
Fundo Clima — É um dos instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima e se constitui em um fundo de natureza contábil, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. O Fundo Clima garante recursos para o apoio a projetos ou estudos e para o financiamento de empreendimentos que tenham como objetivo a mitigação das mudanças climáticas.